A AM Galeria tem a honra de exibir, 42 anos depois, o trabalho histórico em áudio- visual dos mineiros, o fotógrafo José Luiz Pederneiras e do músico Tavinho Moura.
Paixão e Fé (Portas Fechadas) realizado pela dupla de artistas entre 1974 e 1976 ganhou o 1o Prêmio do 4o Salão Global Funarte de 1976 e foi exposto no Palácio das Artes à época. O material originalmente em slides foi restaurando e remontado em video digital Full HD e com a trilha original de Tavinho Moura. À época a obra chamou a atenção de Milton Nascimento, que, ao ver o trabalho exposto no Palácio das Artes, pediu ao amigo e compositor Fernando Brant que criasse uma letra. Paixão e Fé foi eternizada na voz de Milton e faz parte da história de muitas gerações.
O trabalho, uma reflexão sobre a cultura popular e religiosa do interior mineiro, mostra a procissão do Senhor Morto em Diamantina, durante a semana santa de 1974.
“A cidade e sua herança colonial, seus medos, seus fantasmas. Semana Santa, o cheiro de incenso, as roupas lavadas na peregrinação de lágrimas, as luzes, o teatro de rua. Portas fechadas. Na distorção das imagens a revelação do martírio. Do documentário distante ao contato das chagas. No domingo da ressureição a cidade enfeitada prossegue.” – trecho do texto de José Luiz Pederneiras & Tavinho Moura publicado do catálogo da exposição, 1976.
Para a curadora da mostra, Manu Grossi “Trazer uma exposição como essa é uma oportunidade de revisitar a nossa herança cultural, um encontro entre a fotografia, a música e o texto de gênios criativos que admiramos tanto e que nos inspiraram por décadas e ainda o fazem. Minas tem tradição e grandes expoentes na cena do audiovisual, cinema e vídeo-arte e a possibilidade de experimentar esse trabalho remontado apenas agora, 42 anos depois, é muito importante e formador para as novas gerações. A obra apresenta uma densidade única, uma força do povo do interior e sua matriz religiosa. Ele fala de dor, silêncio, sacrifício, reflexão e renovação. Alguns signos presentes no tempo da quaresma, momento que se inicia no Carnaval e culmina na Semana Santa. Podemos transpor esses signos para os dias de hoje, para os religiosos e não religiosos. São tempos de mudanças, conflitos e de grande fervor social e cultural. O Brasil passa por esse momento delicado e “Paixão e Fé” nos revive a força do povo na rua, do povo que tem esperança, do povo que luta todos os dias.
Com uma forte herança cultural do passado e um sentimento natural de localidade, a cidade de Diamantina, encravada no sertão mineiro, preserva intactos, como tesouros ocultos, os rituais e festas religiosas de seu povo. Manifestações populares, como a procissão do Senhor morto, celebram sentimentos atávicos da população diamantinense e arredores. Durante a Semana Santa, na procissão de sábado à noite, entre velas e ladeiras acesas, a ladainha dos cânticos envolve becos e ruas num ambiente de fervor e transe coletivo, onde o fio condutor é a fé e a mística do povo.
As imagens captadas não são apenas registros de um importante acontecimento, mas sobretudo uma revelação do INVISÍVEL, da atmosfera latente no drama e na emoção do povo.
A música de Tavinho Moura interpreta com maestria o clima das imagens, em rara sensibilidade.
No domingo da Ressurreição a cidade enfeitada segue em clima de festa, superando a dor da morte e do fim, iniciando um novo ciclo.
Este projeto audiovisual foi criado em 1974/76 a partir de imagens fotográficas captadas em filme P&B 35mm e uma trilha musical gravada em estúdio de apenas 4 canais em fita de acetato sendo reproduzida em gravador de rolo profissional, em perfeito sincronismo com as imagens.
Durante as exibições, as fotografias, (slides P&B em tonalidade sépia) eram projetadas por 2 projetores de slides sincronizados criando efeitos de fusão em sua sequência, através de um aparelho acoplado (dissolver). Devido a dificuldades de conservação, manutenção e projeção da obra, este áudio visual foi recentemente transferido para vídeo digital.”
Os artistas:
José Luiz Pederneiras
Nasceu em Belo Horizonte, Brasil, em 1950. Fotógrafo, residente em Belo Horizonte.
Fez exposição individual na Galeria Oi Futuro-Ipanema – Rio 2013, Individual na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard – Palácio das Artes – Belo Horizonte 2010, Individual na Fundação de Arte de Ouro Preto – 1979, Mostra de audiovisuais na Galeria Fototeca em Caracas, Venezuela 1978, Participou como convidado (Premiado) no 6º Salão Global de Inverno, Belo Horizonte 1978, participou de mostras de audiovisuais na SEARJ, Rio de Janeiro 1978, Salão do Futebol – Fundação Palácio das Artes, Belo Horizonte 1978, VII Salão Paulista de Arte Contemporânea, São Paulo 1977, 5º Salão Global de Inverno em Belo Horizonte 1977, 4º Salão Global de Inverno, Belo Horizonte 1976, Mostra de audiovisuais na Galeria Graffitti, Rio de Janeiro 1976, Bienal Nacional de São Paulo – 1976, Centro de Arte e Comunicação (CAYC), Buenos Aires, Argentina 1975, 3º Salão Global de Inverno, Belo Horizonte 1975.
Prêmios
• 1º Prêmio de Arte, da Fundação Conrado Wessel – (FCW) São Paulo -Título: Cantora de Ópera 2008
• Prêmio “A Capa do Ano” do disco Serú Girán do artista Charly Garcia em Buenos Aires 1978
• Prêmio FUNARTE no 5º Salão de Inverno 1977
• Grande Prêmio de Viagem à Europa no 4º Salão de Inverno 1976
Ensaios fotográficos para os espetáculos do Grupo Corpo
• GIRA 2017 / DANÇA SINFÔNICA E SUITE BRANCA 2016/ TRIZ 2013 / SEM MIM 2011 / IMÃ 2009 / BREU 2007 / LECUONA 2004 / SANTAGUSTIN 2002 / O CORPO 2000 / BENGUELÊ 1998 / PARABELO 1997/ BACH 1996 / SETE OU OITO PEÇAS PARA UM BALLET 1994 / NAZARETH 1993 / VINTE E UM 1992 / VARIAÇÕES ENIGMA E TRÊS CONCERTOS 19
Publicações
• “Paisagens Cromáticas”, Editora Apicuri 2014
• SESC Palladium, 2011
• A arte da gastronomia pelo Brasil, Girassol Comunicações, 2004
• Caixa de Fumaça, Rubens Gerschmann, RG Produções Artísticas e Culturais Ltda, 2001
• Oito ou Nove Ensaios sobre o Grupo Corpo, Editora Cosac & Naify, 2001
• Gustavo Pena Arquiteto, Editora Celacanto, 2001
• Grupo Corpo Companhia de Dança, Editora Salamandra, 1995
Tavinho Moura
Tavinho Moura é mineiro de Juiz de Fora. Músico, cantor e compositor. Seu primeiro trabalho como compositor foi para o cinema, trilha sonora do filme de longa metragem O Homem de Corpo Fechado, de Schubert Magalhães.
Tavinho também se dedica a composição para o cinema. Cabaret Mineiro, Perdida, Noites do Sertão, Minas Texas, Idolatrada, O Bandido Antônio Dó, Dois Homens Para Matar, Amor e Cia, O Tronco, O Mineiro e o Queijo, Castelar e Nelson Dantas no Pais Dos Generais, entre outros. Recebeu prêmios como melhor autor de Trilha Sonora nos festivais de cinema de Gramado (3 vezes), Brasília (3 vezes), prêmio da crítica de São Paulo e Minas, Coruja de Ouro. A trilha sonora do filme Amor & Companhia de Helvécio Ratton ganhou o Prêmio do III Festival do Cinema Brasileiro de Miami.
Outros trabalhos foram realizados para teatro e ballet, destacando-se O Padre e a Moça, com coreografia de Gilberto Motta, para o Palácio das Artes, comemorando os oitenta anos do poeta Carlos Drummond.
Algumas de suas composições foram gravados por Milton Nascimento, Beto Guedes, Almir Sater, Boca Livre, 14-Bis, Flávio Venturine, Simone, Pena Branca e Xavantinho, Engenheiros do Havaí, entre outros.
Seus principais parceiros: Fernando Brant, Márcio Borges, Murilo Antunes, Milton Nascimento, Beto Guedes, Ronaldo Bastos.
Realizou a ópera popular Fogueira do Divino em parceria com Fernando Brant apresentada no Palácio das Artes sob a regência de Nelson Ayres, com arranjos para orquestra sinfônica de Nivaldo Ornelas, coro, nove interpretes. O espetáculo foi gravado ao vivo e o CD já lançado pela gravadora Dubas de Ronaldo Bastos.
A convite da Rhythmic Music Conservatory de Copenhagem participou da semana de música brasileira na Dinamarca, oferecendo um curso sobre sua música, ritmos e harmonias da música mineira.
CD com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, interpretando 16 obras de sua autoria, com arranjos e regência de Wagner Tiso.
Trilha sonora do filme O Mineiro e o Queijo de Helvécio Ratton (2011).
Tavinho Moura e Milton Nascimento, show pelo dia mundial da Água no espaço Tom Jobim, Jardim Botânico RJ (2011).
Finalista do Grammy Latino 2014 Melhor CD Música de Raízes Brasileiras “Minhas Canções Inacabadas”.