Acompanho o trabalho de Agnes Farkasvolgyi há alguns anos.
Guardo comigo um precioso caderno onde ela faz anotações divagando, em ordem alfabética, sobre arte e cultura, coisas muito caras à ela. Mais especificamente sobre artistas, música, moda e gastronomia.
Mas notadamente sobre o que acredito seja sua paixão maior, a pintura.
Um palpite arriscado o meu, pois Agnes se entrega à todas suas atividades criadoras (e não há como definir de outra forma, por exemplo, sua performance como chefe de cozinha) com igual fervor.
É difícil separar, em seu encantamento por tudo que é feito com as mãos, feito por inteiro, com força, onde começam e terminam as atividades da pintora, da expert em culinária, moda, física e, acredito que em breve, húngaro. Sim, pois, a pintora ainda encontra tempo para ser cônsul honorária da Hungria em Belo Horizonte.
E como Agnes acredita que a alegria é a prova dos nove, tudo que ela faz guarda seu compromisso com o prazer de viver, com a volúpia de criar.
Volúpia talvez seja, mesmo, o que me vem à mente quando penso sobre seu processo de pintar. Atividade onde ela mergulha a cada dia com mais profundidade. Sua pintura vem ampliando não apenas suas dimensões, mas as relações entre formas e cores, massas e linhas, entre matéria e pensamento, entre técnica e linguagem, numa profusão de experiências onde a pintora não se nega a arriscar.
O resultado, porém, mantém clara unidade formal. Ousada, sua nova mostra dá continuidade à suas experiências anteriores, mas a maturidade que ganha sua pintura é clara e exuberante como seus novos trabalhos.
Mário Zavagli