CLAUDIO CRETTI

Mafuá de trens

CURADORIA

AGNALDO FARIAS

CLAUDIO CRETTI

Sem título (3), 2021

Madeiras diversas, maraca, ferro, cobre, tinta óleo e esmalte sintético

163 x 89 x 40cm

R$ 35.000,00

CLAUDIO CRETTI

Sem título (12), 2021

Madeiras diversas, bambu, cimento, feltro, batuta, esmalte sintético, metal, arco de violino

142 x 110 x 116cm

R$ 37.000,00

CLAUDIO CRETTI

Sem título (13), 2021

Madeiras diversas, ferro, barbante, bambu, lã, aço, cimento e tinta acrílica

167 x 162 x 110cm

R$ 37.000,00

CLAUDIO CRETTI

Sem título (10), 2021

Madeira diversas, miçanga de vidro, ferro e tinta automotiva

235 x 80 x 60cm

R$ 40.000,00

© Jomar Bragança

CLAUDIO CRETTI

Sem título (11), 2021

Madeira, metal, barbante, piteiras de madeira e plástico, cabo de aço, tubo termo retrátil, bandagem, esmalte sintético e tinta acrílica

156 x 29 x 29cm

R$ 22.000,00

CLAUDIO CRETTI

Sem título (6), 2020

Madeira, piteiras de madeira, esteca de madeira, metal, bandagem e tinta acrílica

150 x 17 x 24cm

R$ 20.000,00

FORMULÁRIO

    CLAUDIO CRETTI

    Sem título (9), 2020

    Madeiras diversas, elástico, ferro, vime e esmalte sintético

    159 x 82 x 30cm

    R$ 30.000,00

    CLAUDIO CRETTI

    Sem título (7), 2020

    Madeiras diversas, ferro, fibra de vidro, aço, cobre, barbante, tinta acrílica, tubo termo retrátil e bandagem

    212 x 7 x 17cm

    R$ 25.000,00

    CLAUDIO CRETTI

    Sem título (8), 2019

    Ferro, madeira, cobre, tinta acrílica, bambu, tubo termo retrátil, barbante e feltro

    220 x 19 x 26cm

    R$ 25.000,00

    CLAUDIO CRETTI

    Sem título (4), 2019

    Madeiras diversas, peças de metal, bandagem, batutas de

    madeira e plástico, palha trançada

    103 x 110 x 35cm

    R$ 25.000,00

    CLAUDIO CRETTI

    Sem título (2), 2019

    Madeiras diversas, batuta, metal, ferro, tubo termo retrátil e tinta acrílica

    115 x 35 x 27cm

    R$ 20.000,00

    CLAUDIO CRETTI

    Sem título (1), 2018

    Madeira, tubo de papelão, piteiras, borracha, feltro e granito

    162 x 56 x 30cm

    R$ 25.000,00

    CLAUDIO CRETTI

    Sem título (5), 2017

    Madeira, borracha, esmalte sintético e metal

    77 x 20 x 30cm

    R$ 12.000,00

    © Jomar Bragança

    CLAUDIO CRETTI

    Sem título, 2003-2004

    Bastão de óleo sobre papel

    47 x 35cm (cada)

    R$ 6.000,00 (cada)

    Mafuá de trens

     

    É muito grande o número de descobertas científicas feitas ao acaso, a incidência é significativa a ponto de aconselhar as universidades a oferecerem cursos voltados ao estudo e a prática de erros e jogos com o acaso. Vejamos Claudio Cretti e este conjunto de trabalhos reunidos sob o título Mafuá de Trens. Há dez anos atrás, quando essa família de trabalhos começava a se esboçar, o trabalho de Claudio era diferente. E tudo indica que seguirá mudando, posto que sempre foi assim, nunca caminhou em linha reta, praticando linguagens distintas – desenhos, esculturas, performances, instalações –, frequentemente ao mesmo tempo, isso depois de um início pelo teatro, cujas lições corporais marcaram-no para sempre.

     

    A catação compulsiva de objetos gerou o conjunto de obras que compõe essa exposição; o colecionamento de pequenas coisas encontradas em tudo quanto é lugar, as visitas sistemáticas, sob o ritmo da fração de sua curiosidade em férias permanentes, pelas feirinhas de antiguidades, onde objetos antigos, despejados da vida que levavam, exilados de seus antigos ambientes e do convívio com outros objetos, ganham uma sobrevida graças aos olhos atentos de gente como nosso artista, dedicado a garimpar preciosidades dentro dos escombros do passado. 

    Sua curiosidade não se limita as bancas das feirinhas e aos armazéns fora do tempo e do espaço. Há também os monturos acondicionados em caçambas, dessas estacionadas diante de demolições, depósitos de tesouros imprevistos.

     

    O resultado é que Claudio possui uma coleção de objetos desgarrados descansando em seu atelier, acomodação que pode demorar anos, até ele perceber que isto afina-se com aquilo, que um objeto deseja o encontro com outro. E quando isso se dá, o antigo traste, o que até então era tido como entulho, eleva-se num outro patamar.

     

    Assim, uma pequena barra de madeira, graças ao emprego de conexões de borracha, canos ocos, tubos termo-retráteis, engata-se, de um lado, a um cachimbo, de outro, à uma piteira, compondo um objeto insólito. Sublinhe-se o recurso a elementos pertencentes ao universo das instalações elétricas e hidráulicas, as veias por onde circulam a energia de uma casa, na construção dessas peças. Mas, acima de tudo, essas peças de Claudio Cretti celebram a ociosidade dos dedos quando as mãos se despregam do cumprimento das atividades ordinárias, escapam de seu peso para, livres, associadas ao espírito e aos olhos, urdirem construções estapafúrdias, pautadas na liberdade.

     

    Agnaldo Farias 

    CLAUDIO CRETTI

    (1964, Belém, PA. Vive e trabalha em São Paulo, SP)

    Claudio Cretti é escultor, desenhista, professor e cenógrafo. Entre 1981 1983 estudou no Instituto de Arte e Decoração (Iade), SP e em 1984 ingressou no curso de artes plásticas da Escola de Belas Artes, abandonando o curso no mesmo ano. Em 1985 começa a trabalhar com o Grupo de Arte Ponkã, dando início a um período dedicado ao teatro e a performance. A partir de 1989 dedica-se a uma pesquisa visual voltada para o desenho e a escultura. Sua abordagem na arte propõe intermediações entre o bi e o tridimensional. Na década de 1990, entre os grandes relevos produzidos pela colagem de camadas de papéis recobertos por pigmento e suas primeiras esculturas em mármore ou madeira, há um diálogo estabelecido por meio da textura, do volume e do caráter planar. Já os pequenos relevos posteriores em fibra de vidro, transitam entre a definição de pintura e objeto. Os desenhos com bastão oleoso da década de 1990 também dialogam com a produção escultórica pela densidade da matéria e o caráter estrutural das formas.

     

    A partir dos anos 2000 os grupos de trabalhos, ou séries, ganham contornos mais orgânicos  e estabelecem um diálogo entre natureza e cultura abrindo possibilidades na relação de materiais díspares conectados de diversas maneiras criando “objetos-coisa” que nos remetem a funcionalidade perdida de uns e o ganho de novas relações dadas por essa justaposição de elementos.

     

    Dentre suas exposições individuais recentes destacam-se : Céu Tombado, Paço das Artes, São Paulo, como artista convidado (2004); Onde pedra a flora, Estação Pinacoteca, São Paulo (2006); Luz de ouvido, Palácio das Artes, Belo Horizonte (2008); Coisa Livre de Coisa, Galeria Marilia Razuk, São Paulo (2011); Pandora, site specific no Palácio das Artes, São Paulo (2013); A Pino, performance no Redbull Station, São Paulo (2014); Quimeras na Galeria Marilia Razuk, com curadoria de Tadeu Chiarelli, São Paulo (2019).

     

    Participou de mostras coletivas no Instituto Tomie Ohtake, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAC – Universidade de São Paulo, entre outras. Em 2004,  A TV Cultura e a rede SESI-SENAC realizam um documentário sobre sua produção para a série “O mundo da Arte”. Em 2009, a convite da Galeria  Marilia Razuk , concebe e realiza a exposição coletiva Desenhar Lugares. No mesmo ano elabora a publicação “José Antonio da Silva” voltada para o público infantil, sobre a obra desse artista. Em 2011 realiza a curadoria da exposição  Assim é, se lhe parecem no Paço das Artes, São Paulo. Em 2013 a Editora WF Martins Fontes lança o livro “Claudio Cretti”, uma seleta crítica da obra do artista.