Sylvia Amélia nasce em 1976, em Belo Horizonte, onde atualmente vive e trabalha. Recebe de seu pai o nome de Silvia Amélia Nogueira de Souza.
Aos 19 anos herda da mãe uma tesoura de costura com a qual executa seus primeiros trabalhos feitos de recorte em papel. No mesmo ano ingressa no curso de Educação Artística, na Escola Guignard, da Universidade do Estado de Minas Gerais, ano em que publica sua primeira História em Quadrinhos “Passeio Noturno”, uma adaptação do conto de Rubens Fonseca roteirizada pelo jornalista Pablo Pires.
Em 1994 ministra uma oficina de artes gráficas para crianças no Centro de Atendimento Comunitário São Francisco, em Belo Horizonte e inicia um percurso sólido como educadora de Arte para crianças, jovens e adultos, em comunidades rurais e urbanas, em projetos culturais, sociais e educacionais, sempre no ensino informal. Inicia também o desenvolvimento de trabalhos em artes gráficas e ilustração de livros.
Entre 1995 e 2013 lança-se em uma pesquisa experimental em Histórias em Quadrinhos e publica na revista Azougue (SP) e na Revista Graffiti 76% quadrinhos (BH) 12 histórias e assina sob diversos pseudônimos, entre eles SANS, S.A. e Silviamelia. Sua produção quadrinística destaca-se por constante variação estilística e técnica, a cada história, sempre a tensionar os limites entre as artes visuais e as artes sequenciais. A pesquisa das relações entre o texto e a imagem, uma tônica na trajetória da artista, será observada inicialmente nestas produções gráficas, além do diálogo com a literatura, em parcerias com escritoras, e na livre adaptação de textos literários e poesia para a H.Q.
Em 1997, após ter cursado um workshop de Cinema de Animação ministrado por Abi-Feijó (POR) e Raimund Krumme (ALE), trabalha como artefinalista no filme “Castelos de Vento”, de Tânia Anaya e em alguns curtas para a TV. O uso da narrativa como recurso expressivo, evidente em alguns trabalhos da artista, está desperto nestas primeiras experiências em video e cinema.
Entre 1999 a 2001 realiza um estágio como arquivista e assistente fotográfico no arquivo no Departamento de Patrimônio Histórico de Belo Horizonte e acompanha diretamente os processos de demolição e de tombamento de imóveis, no apagamento e reconstrução arquitetônica da cidade. Passa dois anos fotografando imóveis protegidos pelo patrimônio histórico local e essa experiência será marcante em sua trajetória, com destaque ao exercício da fotografia e a sensibilização quanto as questões urbanas e pela paisagem gráfica da cidade.
Por volta de 1998 inicia-se na técnica de escrever diretamente com a tesoura, sobre papel e adesivo, sem o auxílio de marcações e em 2002 participa da coletiva PALAVRA TEMPO MEMÓRIA, que irá marcar sua primeira fase interventora, no ano de conclusão da Licenciatura em Artes Visuais. Influenciada pela literatura de Maria Gabriela Llansol, cria e expõe o trabalho “Sucata do Discurso (Lixo de Escrita)”, um dispositivo de intervenção artística pensado especificamente para a Biblioteca Pública Estadual Luis de Bessa, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. A obra se utiliza de um container de entulho, carregado de letras caixa, recolhidas da paisagem gráfica da cidade para produzir uma zona de indeterminação entre a arte e a não-arte, na entrada da edificação e na Sala de Obras Raras da Biblioteca.
A partir de então, interessada em questões relativas ao espaço público, a memória urbana e as relações entre texto e imagem, Silvia Amélia inicia sua trajetória como artista visual, em paralelo a sua trajetória como professora.
O trabalho de artista visual se avoluma em 2003 no ingresso ao curso de especialização em Arte Contemporânea na Escola Guignard/UEMG e a artista realiza inúmeras ações em espaços públicos (Envie Meu Dicionário, Palavras Volantes, Cifras). Entre 2003 e 2007 fotografa a série “Inventário do Sob”, uma pesquisa arqueologia-poética sobre palavras escritas e apagadas nas calçadas do centro de Belo Horizonte, e realiza a exposição solo Cartografia do Chão, no Palácio das Artes. Coloca uma letra Y encontrada na calçada em seu nome, passando assinar Sylvia Amélia, em 2005.
Entre 2009 e 2012 compõe o grupo de professores/artistas da Oi Kabum – Escola de Arte e Tecnologia, em Belo Horizonte, desenvolvendo uma série de proposições artísticas com os jovens estudantes e criando metodologias de ensino de História da Arte e de Tecnologias.
Em 2007 é contemplada pelo prêmio do 29o Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte / Bolsa Pampulha, do Museu de Arte da Pampulha e realiza uma grande ação interventiva no entorno do Parque Municipal da cidade de BH, o Plano de Retomada.
A partir de 2010, com o advento da gravidez, a artista inicia algumas pesquisas artísticas e teóricas sobre a domesticidade, o espaço privado e o gênero, desenvolvendo o Mestrado na Escola de Belas Artes da UFMG cuja dissertação recebeu o título de “Mulheres, Arte e Domesticidade: Entre a Arte Feminista e o Dicionário do Lar”, orientado pela artista Mabe Bethônico e produz 5 obras sobre a condição feminina no pós parto e sob a égide da maternidade.
Em 2012 recebe o Prêmio Micro Projetos da FUNARTE/ MINC e coordena, juntamente com a artista Rosa Maria Unda Souki o projeto “Memória da Casa – de Dentro e de Fora”, na orientação de 18 jovens em uma residência artística, no Espaço Experimental de Arte (EXA) que culmina em duas exposições e na publicação de um catálogo das obras produzidas.
Em 2014 ingressa como professora efetiva na Universidade Federal de Minas Gerais, no Colégio de Aplicação Centro Pedagógico da Educação Básica da UFMG, e na escola leciona Artes Visuais e Audiovisuais para crianças e jovens da região metropolitana de Belo Horizonte.
Concomitante com seu trabalho docente e acadêmico, a artista Sylvia Amélia persegue o rastro das relações entre texto, imagem e contexto, indaga sobre as representações de tempo e de espaço e busca extrair de materiais e de matérias diversas, uma verdade que possa ser encontrada na escuta das coisas e do mundo.