Maria Lira Marques foi trazida à AM Galeria de Arte pela mão da poetisa Lélia Coelho Frota, uma das pioneiras no reconhecimento, defesa e luta em favor da inteligência do povo brasileiro. E que luz emite Maria Lira!, autodidata sequiosa por leituras em História e Filosofia, dedicada a ensinar ao povo do vale do Jequitinhonha, onde vive, as infinitas possibilidades da linguagem plasmada no diálogo entre barro e fogo. Meus bichos do sertão, apresenta uma pequena parcela do imenso acervo da galeria de obras que há décadas Maria Lira vem realizando em barro sobre papel, barro que ela aprendeu a coletar nos barrancos das suas redondezas. Dele vem a matéria de seus bichos, mais imaginados que existentes, demonstrando que o mundo é muito maior do que aquilo que se vê. Maria Lira escava a terra ao mesmo tempo em que escava nosso imaginário, conectando-o ao sentimento irrefreável que, num impulso ancestral, levou o ser humano a fixar em pedras, em paredes de caverna, as suas imagens do mundo, um mundo misterioso e fugidio, e que ele pretendia magicamente capturar. Esse é o sentido da poética de Maria Lira, sua capacidade em fazer vibrar dentro de nós cordas que pensávamos adormecidas, ou mesmo que sequer sabíamos que trazíamos conosco.

 

Agnaldo Farias

OBRAS

MARIA LIRA MARQUES
Sem título, 1999
Pigmentos naturais sobre papel
33 x 48 cm
Sob Consulta
MARIA LIRA MARQUES
Sem título, 1999
Pigmentos naturais sobre papel
33 x 48 cm
Sob Consulta
MARIA LIRA MARQUES
Sem título, dec. 2010
Pigmentos naturais sobre papel
29,7 x 42 cm
Sob Consulta
MARIA LIRA MARQUES
Sem título, 2022
Pigmentos naturais sobre papel
29,7 x 42 cm
Sob Consulta
MARIA LIRA MARQUES
Sem título, s.d.
Pigmentos de terra sobre papel
37,5 x 50,5 cm (com moldura)
Sob Consulta
MARIA LIRA MARQUES
Sem título,2022
Pigmentos de terra sobre papel
21 x 30 cm s/ moldura
Sob Consulta

PORTFÓLIO DO ARTISTA

CV

Maria Lira Marques, 1945, Vale do Jequitinhonha, Araçuaí, MG
Vive e trabalha em Araçuaí, MG

Maria Lira é uma artista do Vale do Jequitinhonha. Pintora e ceramista, utiliza o barro como matéria-prima para seu trabalho. Além de ser uma artista com uma carreira de mais de quarenta anos, Maria Lira Marques também é pesquisadora, ativista e promotora da cultura popular no Vale do Jequitinhonha.

Ela foi a mão direita do Frei Chico, um padre holandês e também pesquisador, ajudando a divulgar os segredos e tesouros do seu povo. As pesquisas de Lira começam com o folclore e depois assumem um tom mais sociológico. Lira faz parte do Coral Trovadores do Vale, fundado pelo Frei Chico em 1970, com a proposta de valorizar o cotidiano e os costumes do Vale do Jequitinhonha; ela contribuiu desde o início na coleta de cantigas e rodas tradicionais para o coral.

Maria Lira é uma mulher simples, de origem humilde, extremamente sensível, autodidata, engajada em questões importantes na região de Araçuaí; politicamente consciente, se reconhece como mulher negra e indígena. Foi formada e transformada a partir do contato e aprofundamento na cultura local por meio das pesquisas que realiza. Voluntária contínua, sempre busca ajudar a proteger e promover.

Desde os anos 1990, Maria Lira tem se dedicado ao corpo de trabalho pelo qual ficou mais conhecida, os Bichos do Sertão; pinturas povoadas por figuras de animais imaginários, alguns antropomorfizados, outros como aves e lagartos, personificando a natureza da caatinga; os pigmentos que utiliza vêm do barro. Lira também trabalha com pedras, nas quais imprime seus desenhos rudimentares com cola e terra. Utilizando uma paleta cromática terrosa e texturas orgânicas, resulta em superfícies pictóricas de forte impacto visual.

Primeira exposição individual em 1975, no Sesc-Pompeia, São Paulo, SP
Maria Lira já expôs em diversas instituições no Brasil e no exterior, em países como Bélgica, Holanda, Dinamarca, França e Estados Unidos. Sua obra foi estudada por pesquisadores como Lélia Coelho Frota, uma das principais autoridades em arte popular brasileira, e em 2007 sua trajetória foi homenageada em uma peça teatral com seu nome, dirigida por João das Neves.

Exposições Coletivas Recentes Selecionadas:
out 2024 – jan 2025 38 Panorama da Arte Brasileira: Mil graus 2024 Imagens que não se conformam, Memorial Minas Gerais, BH, MG / 2023 Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, Sesc Belenzinho, SP, SP; Future Brazil, Museu Nacional da República, Brasília, DF / 2022 We Belong To Each Other, Carlier Gebauer, Berlim, Alemanha; Coleção Brasileira – Alberto e Priscila Freire, CCBB, BH, MG / 2020 Tudo Que Você Me Dá É Seu: Prosa de Mulheres na Arte Popular, Central Galeria, SP / 2019 Maria Lira I Zé Bezerra, Rodrigo Ratton Galeria, BH.

Exposições Individuais Recentes Selecionadas:
2024 Rodas dos Bichos, Instituto Tomie Ohtake, SP, SP, / 2021 Meus Bichos do Sertão: Maria Lira Marques, AM Galeria de Arte, BH, MG; Maria Lira Marques: obras recentes, Bergamin & Gomide, SP / 2015 Bichos do Sertão: Pinturas, Cemig – Centro de Arte Popular, BH, MG / 1997 Maria Lira Marques Borges, AM Galeria, BH, MG.

Coleções Públicas:
Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP / Instituto Inhotim, Brumadinho, MG / Cemig – Centro de Arte Popular de Belo Horizonte, BH, MG / Acervo Alberto e Priscila Freire – Escola de Artes Guignard (UEMG), BH, MG / Museu do Pontal, RJ / Museu de Folclore Saul Martins, Vespasiano, MG / Museu de Araçuaí, Araçuaí, MG.

VÍDEOS