Maria Lira Marques, 1945, Vale do Jequitinhonha, Araçuaí, MG
Vive e trabalha Araçuaí, MG
Maria Lira é uma artista do Vale do Jequitinhonha. Pintora e ceramista, utiliza o barro como matéria-prima de sua obra. Além de artista com uma trajetória de mais de quarenta anos, Maria Lira Marques é também pesquisadora, ativista e promotora da cultura popular no Vale do Jequitinhonha.
Foi braço direito do Frei Chico, padre holandês e pesquisador, ajudando a divulgar os segredos e tesouros de seu povo. A pesquisa de Lira parte do folclore e assume um tom mais sociológico. Ela integra o Coral Trovadores do Vale, fundado por Frei Chico em 1970, com a proposta de valorizar o cotidiano e os costumes do Vale do Jequitinhonha. Desde sua gênese, Lira contribui para o coral com a coleta de cantigas e rodas tradicionais.
Maria Lira é uma mulher simples, de origem humilde, extremamente sensível, autodidata, engajada em questões importantes da região de Araçuaí; politicamente consciente, reconhece-se como mulher negra e indígena. Foi formada e transformada pelo contato e aprofundamento na cultura local por meio das pesquisas que realiza. Voluntária constante, está sempre disposta a ajudar, proteger e divulgar.
Desde a década de 1990, Maria Lira vem se dedicando ao corpo de trabalho pelo qual se tornou mais conhecida, os Bichos do Sertão: pinturas povoadas por figuras de animais imaginários — alguns antropomórficos, outros como pássaros e lagartos — que personificam a natureza da caatinga. Os pigmentos utilizados por ela são extraídos do barro. Lira também trabalha com pedras, nas quais imprime seus desenhos rudimentares com cola e terra. Utilizando uma paleta cromática terrosa e texturas orgânicas, suas obras resultam em superfícies pictóricas de forte impacto visual.
Maria Lira realizou sua primeira exposição em 1975, no Sesc Pompeia, em São Paulo, e desde então participou de diversas exposições em instituições no Brasil e no exterior, em países como Bélgica, Holanda, Dinamarca, França e Estados Unidos. Sua obra tem sido estudada por pesquisadoras como Lélia Coelho Frota, uma das maiores autoridades em arte popular brasileira. Em 2007, sua trajetória foi homenageada em uma peça teatral com seu nome, dirigida por João das Neves.
Exposições coletivas recentes selecionadas:
• out 2024 – jan 2025: 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus
• 2024: Imagens que não se conformam, Memorial Minas Gerais Vale, BH, MG
• 2023: Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, Sesc Belenzinho, SP, SP; Future Brazil, Museu Nacional da República, Brasília, DF
• 2022: We Belong To Each Other, Carlier Gebauer, Berlim, Alemanha; Coleção Brasileira – Alberto e Priscila Freire, CCBB, BH, MG
• 2020: Everything You Give Me Is Yours: Prosa de Mulheres na Arte Popular, Central Galeria, SP
• 2019: Maria Lira | Zé Bezerra, Rodrigo Ratton Galeria, BH
Exposições individuais recentes selecionadas:
• 2024: Rodas dos Bichos, Instituto Tomie Ohtake, SP, SP
• 2021: Meus Bichos do Sertão: Maria Lira Marques, AM Galeria de Arte, BH, MG; Maria Lira Marques: obras recentes, Bergamin & Gomide, SP
• 2015: Bichos do Sertão: Pinturas, Cemig – Centro de Arte Popular, BH, MG
• 1997: Maria Lira Marques Borges, AM Galeria, BH, MG
Acervos públicos:
• Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP
• Instituto Inhotim, Brumadinho, MG
• Cemig – Centro de Arte Popular de Belo Horizonte, BH, MG
• Acervo Alberto e Priscila Freire – Escola de Artes Guignard (UEMG), BH, MG
• Museu do Pontal, RJ
• Museu de Folclore Saul Martins, Vespasiano, MG
• Museu de Araçuaí, Araçuaí, MG