Franz Weissmann (1911 – 2005), um dos maiores nomes da arte brasileira de todos os tempos, expoente do neoconcretismo e formador de gerações de artistas brasileiros, sobretudo escultores, produziu um importante legado e sempre teve no trabalho a mola propulsora de seu pensamento.

OBRAS

FRANZ WEISSMANN
Quadrado vermelho, déc 70
Alumínio pintado
37 x 37 cm
Sob Consulta
FRANZ WEISSMANN
Amassado, 1964
Relevo em alumínio
72 x 65 cm
Sob Consulta
FRANZ WEISSMANN
Amassado, 1964
Relevo em alumínio
72 x 72 cm
Sob Consulta
FRANZ WEISSMANN
Sem título, 1962
Nanquim sobre papel
50 x 70 cm
Sob Consulta
FRANZ WEISSMANN
Sem título, 1962
Nanquim sobre papel
50×70 cm
Sob Consulta
FRANZ WEISSMANN
Sem título, 1984
Aço SAC-50
80 x 90 x 70 cm
Sob Consulta

PORTFÓLIO DO ARTISTA

CV

Franz Joseph Weissmann (Knittelfeld, Áustria 1911 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005). Escultor, desenhista, pintor e professor. Por meio da aplicação de técnicas do figurativismo e do construtivismo – movimento do qual é um dos precursores no Brasil –, consolida-se como importante criador de esculturas em espaços públicos do país. Sua obra tem como traços característicos os contornos de espaços vazados e a valorização das formas geométricas.

A família de Weissmann chega ao Brasil em 1921 e se estabelece no interior de São Paulo. Em 1927, ele se muda para a capital paulista, onde leciona português a estrangeiros e entra em contato com as artes plásticas em visitas a exposições. Em 1929, a família se transfere para o Rio de Janeiro. Ingressa na Escola Nacional de Belas Artes (Enba) em 1939. Durante dois anos, passa pelos cursos de arquitetura, pintura, desenho e escultura, mas não se adapta ao ensino acadêmico e abandona a Enba em 1941. De 1942 a 1944, estuda desenho, escultura, modelagem e fundição no ateliê do escultor polonês August Zamoyski (1893-1970), com quem aprende as técnicas tradicionais do campo.

Entre o fim de 1944 e o início de 1945, como forma de “retiro voluntário” para se libertar “do peso acadêmico”, Weissmann transfere-se para Belo Horizonte. Na capital mineira, ministra aulas particulares de desenho e escultura e continua com trabalhos que seguem a linha figurativa, mas que tendem à crescente simplificação.

Em 1946, realiza sua primeira exposição individual, no diretório dos estudantes da Enba. Em 1948, a convite do pintor Guignard (1896-1962), começa a dar aulas de modelo vivo, modelagem e escultura na primeira escola de arte moderna de Belo Horizonte, a Escola do Parque – posteriormente Escola Guignard –, onde permanece até 1956.

Na busca pela essência da figura, realiza esculturas cada vez mais geometrizantes, nas quais o espaço vazado já aparece como um elemento definidor. No decorrer da carreira, o “vazio ativo” – como o artista define tais espaços –, torna-se uma obsessão. É do jogo entre o plano e suas articulações com o elemento vazado que nasce a tridimensionalidade aberta para o mundo das esculturas de Weissmann.

A partir da década de 1950, começa a abandonar o estilo figurativo e, gradualmente, elabora um trabalho de cunho construtivista, com valorização das formas geométricas submetidas a recortes e dobras, por meio do uso de chapas de ferro, fios de aço, alumínio em verga ou folha. As primeiras experiências construtivistas, determinantes para o desenvolvimento e a consolidação dessa estética no Brasil, culminam na obra Cubo Vazado (1951), um dos marcos iniciais do estilo.

Em 1954, Weissmann vence diversos concursos de projetos para esculturas em espaços públicos. Destes, apenas Monumento à Liberdade de Expressão do Pensamento é edificado na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. A obra, no entanto, é destruída em 1962, por causa de “reformas urbanísticas” no local.

Ainda nos anos 1950, de volta ao Rio de Janeiro, o escultor integra o Grupo Frente, importante referência do construtivismo no Brasil, formado por artistas como Ivan Serpa (1923-1973), Lygia Clark (1920-1988), Décio Vieira (1922-1988) e Aluísio Carvão (1920-2001). Nesse período, realiza experiências com fios de aço, na série de “esculturas lineares”, e com formas modulares, procedimentos que eliminam qualquer tipo de base para as esculturas.

Em 1957, a polícia mineira transforma seu ateliê no subsolo da Escola do Parque Municipal em uma penitenciária. Sem a presença do artista no momento, todos os estudos feitos durante os anos em Belo Horizonte são jogados fora e quase todo o trabalho das décadas de 1940 e 1950 é destruído. No mesmo ano, participa da Exposição Nacional de Arte Concreta e recebe o prêmio de melhor escultor nacional na 4ª Bienal Internacional de São Paulo, onde apresenta a escultura A Torre, um dos ícones do neoconcretismo.

Em 1958, recebe o prêmio de viagem ao exterior no 7º Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1959, funda o Grupo Neoconcreto e assina o Manifesto Neoconcreto. Estabelece-se na Europa até o fim de 1964. Os trabalhos desse período, conhecidos como amassados, abandonam momentaneamente a construção geométrica, o que os críticos apontam como um “interregno expressivo” em sua pesquisa, quando a preocupação com a materialidade toma o primeiro plano. Um exemplo é a série Amassados, elaborada com chapas de zinco ou alumínio trabalhadas a martelo, porrete e instrumentos cortantes, alinhando-se temporariamente ao informalismo.

Volta ao Brasil em 1965, retoma a aproximação com as vertentes construtivistas e reinicia as experimentações com formas geométricas e modulares. Em 1967, apresenta Arapuca na 9ª Bienal Internacional de São Paulo, peça na qual a cor se faz presente pela primeira vez como elemento determinante do espaço da escultura. A partir de então, são raras as esculturas sem aplicação de cor.

Nos anos 1970, recebe o prêmio de melhor escultor da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) e participa da Bienal Internacional de Escultura ao Ar Livre, em Antuérpia, na Bélgica, e da Bienal de Veneza. Ao longo do tempo, mantém-se fiel ao processo de criação, sobretudo ao trabalho direto com o material e a manufatura de modelos com cortes e dobraduras, os quais são posteriormente ampliados numa metalúrgica.

Um dos personagens mais importantes do movimento construtivista no Brasil, Franz Weissmann prioriza a exploração dos limites da forma e a realização de esculturas que dialogam com o público e interagem com o espaço urbano.

VÍDEOS