Uma das principais características profissionais do artista plástico mineiro, Jorge dos Anjos, natural de Ouro Preto (MG), é sua capacidade de planejar, de fato, o passo a passo de seu trabalho. Como artista, os admiradores de seu trabalho são unânimes em afirmar que entre as maiores qualidades de Jorge dos Anjos está sua capacidade de posicionar-se em estado de disponibilidade criativa, atributo que alguns ousam dar o nome de ‘inspiração’.
Esta marca registrada do artista fica evidente em sua nova série de obras intitulada ‘A ferro e fogo’, onde Jorge dos Anjos amplia a dimensão estética dos dois elementos citados no título e sua ação sobre um terceiro, o feltro.
O público mineiro terá a oportunidade de conhecer estas obras primas na exposição que Jorge dos Santos inaugura no dia 15 de outubro (quinta-feira), na AM Galeria de Arte (Rua Cláudio Manoel, 155 – Funcionários), em Belo Horizonte (MG). A mostra marca o início das comemorações dos 20 anos da galeria, com a presença do artista, que foi um dos primeiros parceiros da empresária e marchand Ângela Martins no portifólio da AM.
O processo criativo
A impressão ‘a ferro e fogo’ remete ao período da escravidão no Brasil, onde milhões de homens e mulheres negros tinham seus corpos marcados com brasa quente e transformados em mercadorias, com inscrição de monogramas e marcas de propriedade.
Para criar sua obra, Jorge dos Anjos dá outra destinação ao aparato utilizado nas práticas contra os escravos, confeccionando aproximadamente 100 ferretes que trazem na ponta variações dos recortes vazados característicos do seu trabalho. Após colocá-los na fornalha e aquecê-los de forma suficiente, ele inicia a impressão sobre a superfície da tela de feltro disposta no chão, firmando os ferretes com um misto de suavidade e firmeza para criar seus grafismos exclusivos, carregados de forte influência africana.
O artista
Jorge dos Anjos é artista plástico, com especialização em pintura, gravura e escultura. Desde 1978 participa de exposições individuais e coletivas no Brasil e exterior, além de colaborar com vários festivais culturais de arte negra espalhados pelo país. Suas criações já foram apresentadas em galerias de Belo Horizonte, Ouro Preto, São Paulo, Fortaleza, Vitória, Rio de Janeiro, Curitiba, Ipatinga, Brasília, Recife, entre outras. E ainda em Portugal, EUA, Alemanha, França, Angola, Moçambique, Paraguai, e vários outros países mundo afora.