White Cube traz a série completa do trabalho que leva o mesmo nome da mostra. Cinco fotografias montadas em metacrilato inéditas e nunca apresentadas em conjunto, um adesivo de grande formato e um trabalho de luz.
Valentino é fotógrafo profissional desde os 20 anos de idade, quando deixou o amor pela gastronomia para os fins de semana e resolveu trabalhar com seu pai, o renomado fotógrafo Rômulo Fialdini. Seu trabalho autoral ganhou mais destaque recentemente a partir da série “Lego”, na qual o artista utiliza o conhecido brinquedo para construir arquiteturas com seus módulos de encaixe coloridos. O “Lego” foi criado na Dinamarca nos anos 40 e só chegou ao Brasil na década de 80 quando a geração do artista, nascido em 1976, se encantou e brincou muito com as pecinhas. “Lego” significa “brincar bem”, e foi exatamente isso que Valentino fez, brincou muito bem e conseguiu um resultado instigante.
A primeira série – Sem título, 2010 [Legos] pode ser vista no acervo da galeria – consiste em grandes ampliações em metacrilato de um espaço vazio, uma arquitetura que não se sabe onde é e que ao mesmo tempo pode ser qualquer lugar. Não sabemos a escala, nada. A perspectiva nos faz acreditar que é um lugar onde podemos entrar, não temos certeza. Mas é tudo uma ilusão, mágica própria da fotografia, do ângulo correto, da lente especial e de um olhar afiado. Uma questão fica especialmente clara: a cor em profusão que impregna esse espaço artificial, asséptico, brilhante mas pequeno como uma casinha de boneca. Quem habita esse espaço é a cor.
A partir disso, numa busca enérgica por novos caminhos e descobertas, o trabalho de Valentino assume uma vocação pictórica. Depois de visitar incansavelmente várias galerias de arte o artista começa a se preocupar em dissecar o espaço, a luz, o cubo branco que faz do espaço expositivo um lugar neutro onde tudo pode habitar e acontecer temporariamente. Resolveu refazer com as pequenas peças de seu lego o cubo branco da galeria. Surge aqui a série White Cube, composta por cinco fotografias montadas em metacrilato em grande formato e expostas juntas pela primeira vez na AM Galeria de Arte. Aqui fica clara a importância da cor para o artista: ele começa a pintar o espaço, a sala expositiva de brinquedo recebeu uma instalação de luz onde a cor emitida por lâmpadas fluorescentes, difusas por um pequeno papel vegetal colocado no teto, invade o lugar e tudo se torna uma cor só.
As fotos são monocromos. Verde, azul, amarelo, vermelho e branco. Sem dúvida um exercício da pintura e da fotografia, um estudo de cor, um estudo de luz. Tudo se completa para o fotógrafo, que procura o melhor ângulo e a melhor luz, mas dessa vez o ângulo é o mesmo, a arquitetura é maquete construída com a imaginação do artista e a luz o dispositivo que pinta as paredes do espaço, o pincel e a tinta.
Nessa direção, na série seguinte, “Translúcida”, Fialdini intensifica a simulação do espaço com mais colunas, sombras que sugerem pessoas, janelas e portas. E a pintura se torna mais evidente quando o papel vegetal vira parede e várias lâmpadas por detrás se misturam colorindo o espaço. Valentino quer sair do espaço da maquete onde a experiência do público se realiza apenas a partir da imagem da luz e da cor. Ele quer ir para o espaço real proporcionando um encontro do corpo com o espaço impregnado pela cor que vem da luz.
Na mostra White Cube dois estudos de cor feitos especialmente para o espaço podem ser vistos: “Estudo de cor fluorescente”, no qual 8 lâmpadas fluorescentes pintam a coluna da galeria e “Estudo de cor transparência” onde um adesivo vermelho transparente cobre toda a fachada de vidro do espaço. Esses dois trabalhos estão presentes para indicar a pesquisa do artista e são apenas o início de uma série de projetos nos quais o discurso pictórico no espaço está presente mas, sem nunca, abandonar a fotografia e a sedução da imagem.
Emmanuelle Grossi . Agosto de 2013
Com um cubo construído por blocos de montar, uma câmera fotográfica e o talento, o fotógrafo paulistano Valentino Fialdini cria obras que instigam e seduzem o espectador. Entre 1º de agosto a 6 de setembro, o público mineiro poderá conferir, pela primeira vez, algumas de suas fotografias na exposição “White Cube”, na AM Galeria de Arte (Rua Cláudio Manoel 155, loja 04, Funcionários), em Belo Horizonte.
O nome da mostra tem relação com o processo criativo de Valentino Fialdini. White Cube em português significa cubo branco. E o fotógrafo explica que esse cubo, montado por ele com legos é a base de seu trabalho, e com ajuda da iluminação ele ‘pinta’ as paredes com as cores. O ângulo e a iluminação dão a sensação de amplitude a um espaço que era pequeno.
“Essa referência serve para tudo que tem a minha assinatura. Sempre procuro acentuar as sensações de espaço. Em todas as minhas fotos eu tento trazer quem as vê para dentro da imagem. Seja com a luz, seja com o uso dos espaços ou contrastes. Tento mexer cada vez mais com as emoções. Eu adoro quando vejo as pessoas intrigadas com as minhas obras”, afirma Valentino.
Na exposição “White Cube” o fotógrafo paulistano apresenta em Belo Horizonte cinco obras em diferentes cores e algumas imagens da série Legos. Ele acredita que os belo-horizontinos vão gostar da mostra, pois as imagens não revelam tudo. “Cada um poderá interpretar à sua maneira, de acordo com suas vivências e sentimentos. As imagens têm muita cor e isso também traz emoção”, finaliza Valentino.
Sobre o fotógrafo
Valentino Fialdini atua há 17 anos como fotógrafo profissional e começou a exercitar a profissão logo cedo. Como assistente de seu pai, o renomado fotógrafo Rômulo Fialdini, ele se encantou com as lentes, flashes e tripés. Seu caminho profissional foi sendo trilhado a partir da fotografia ligada a arquitetura, artes plásticas, gastronomia e moda.